terça-feira, 9 de abril de 2013

domingo, 7 de abril de 2013

ESQUEMA DOS ENCONTROS...


S. LUCAS
Do Evangelho segundo S. Mateus 10,5-159
 Missão dos Doze - Tendo convocado os Doze, deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demónios e para curarem doenças. Depois, enviou-os a proclamar o Reino de Deus e a curar os doentes, e disse-lhes: «Nada leveis para o caminho: nem cajado, nem alforge, nem pão, nem dinheiro; nem tenhais duas túnicas. Em qualquer casa em que entrardes, ficai lá até ao vosso regresso. Quanto aos que vos não receberem, saí dessa cidade e sacudi o pó dos vossos pés, para servir de testemunho contra eles.» Eles puseram-se a caminho e foram de aldeia em aldeia, anunciando a Boa-Nova e realizando curas por toda a parte.

                                                                                   Cântico:
                          Ide por todo o Mundo e anunciai a Boa Nova! (bis)
(Comentário conjunto a este evangelho)

A MISSÃO

- Requisitos para a missão:
1. Ser requisitado:
a) É graça de Deus, mas não há ninguém que não seja chamado. Universalidade.
b) Todos nós temos capacidades. Talentos.
c) Aparecer na “praça”. Disponibilidade.

2. Instrumentos de trabalho:
1. A Palavra (Sempre d’Ele / Ele próprio).
2. Semear - Ter semente connosco (Graça)
3. Insistir oportuna e Inoportunamente.
4. É sempre Deus quem faz crescer… (contentar-se).
5. Ir dois a dois (fomentar a Comunhão).
6. Confiar (sem bolsa, alforge, sandálias)
7. Partir constantemente (Tal como Jonas)
8. Disponibilizar-se para todo o campo de missão
9. Ascese (luta contra o mal).

3. Os campos da Missão:
1. No fundo de mim mesmo, há sempre um tesouro escondido. (Recuperar e aceitar a minha identidade e Bondade inicial).
2. As estruturas que me “escondem”, “amo” e “dão segurança” (EVANGELIZANDO)
3. A família, pais, amigos ……………...…..... (DENUNCIANDO)
4. Aos inimigos ………………………...………... (PERDOANDO)
5. Aos pagãos …. ……………. (APERFEIÇOANDO VALORES)
6. Terreno das obras de Misericórdia ….......…... (EXECUTANDO)
* Corporais: “Dar pousada aos peregrinos…”
* Espirituais: “Perdoar as injúrias e sofrer com paciência as fraquezas do próximo”.

4. Frutos da missão:
1. Ensino; Partilha;
2. Enriquecimento;
3. Realização;
4. “Direitos” pela fidelidade de Deus ao salário:
5. “Vinde benditos de meu Pai…”
Nota importante: * Ao contrário da autossuficiência e de fechamento em si mesmo, da mentalidade do status quo e de uma visão pastoral que considera suficiente continuar a fazer como sempre se fez a Nova Evangelização pede capacidade de recomeçar, de ir além, de ampliar os horizontes (…) é hora de a Igreja chamar as comunidades cristãs a uma conversão pastoral no sentido missionário da Acão das suas estruturas”.

5. Quais os cenários onde se deve realizar a Missão eclesial?
5. 1. O campo da Cultura
5. 2. Campo do Social
5. 3. Campo dos Meios de comunicação social
5. 4. Campo da Economia
5. 5. Campo da Investigação e da Tecnologia
5. 6. Campo da Politica
5.7. Primeira Evangelização, cura pastoral e nova evangelização:
5.8. Novas formas de ser Igreja:

6. A Missão da Liga dos Servos de Jesus:
A missão da Liga, segundo a intuição do seu Fundador e as primeiras Constituições, reveste-se de um carácter eminentemente pastoral. A missão da Liga insere-se na missão da Igreja, contemplando os seguintes aspectos:
1.ª Acção evangelizadora mediante o anúncio explícito da Boa Nova; a catequese; a formação da consciência; o Apostolado da conversão; a promoção de retiros; missões e pregação; obra das vocações sacerdotais e dos seminários, etc.
2.ª Acção santificadora através da oração, da oferta com Jesus na eucaristia, dos diversos serviços e ministérios litúrgicos, cuidando zelosamente da casa de Deus, do Apostolado da Oração, as congregações marianas, os ministros da comunhão, os leitores, etc.
3.ª Acção sócio - caritativa pela prática das Obras de Misericórdia, da Assistência aos moribundos, com as Conferências de S. Vicente de Paulo, na Boa Imprensa, com a Juventude, nos Lares, nas Escolas, nos Sindicatos, no compromisso temporal cristão, etc.

7. A “missão” num escrito de D. João:
“Confiou Jesus aos seus apóstolos a missão sublime de ensinarem por toda a parte e a todas as gentes. Mas a doutrina dos apóstolos…não abrangia os mil e um ramos da ciência humana (…)
Jamais cuidaram os apóstolos de ensinar os fiéis qualquer verdade da ciência humana.
Pregavam e ensinavam antes e somente as verdades sobrenaturais que se dirigiam ao conhecimento de Deus e à santificação das almas. É este o negocio e é esta a ciência da nossa salvação a única absolutamente necessária.

“Mas não sabem ler?
Procurai vós mesmos derramar nessas inteligências a luz salvadora das verdades cristãs e tereis de alguma forma cooperado na missão sublime de ensinar confiada aos apóstolos.
(Luz e vida, Amigo da Verdade, nº270, 1932).
S. Romão. Seia, 2013-02-10
P. Alfredo Neves

sábado, 6 de abril de 2013

RESSURREIÇÃO DE JESUS segundo São Lucas (Lc 24,13-35)


Foram estes dois homens sem esperança, que o Pe Zézinho vem cantando, há várias décadas, que hoje, na atividade espiritual, realizada na Ruvina, para Servos de Jesus e simpatizantes, nos deram um trabalho que ninguém imagina, dos que não participaram, claro!
Mas não saímos de lá contagiados por eles negativamente. Parece que conseguimos dar a volta ao texto, ver/compreender a realidade da Ressurreição de Jesus e todos nos propomos passar a PALAVRA para a vida do dia a dia.
Lemos o texto muitas vezes, e, em cada leitura, descobríamos coisas novas.
Vimos que, no início do texto, os discípulos vão tristes e no final estão alegres e não conseguem ficar parados. Voltam a Jerusalém, mas não para as muralhas, voltam para a NOVA Jerusalém a comunicar aos ONZE e aos companheiros o que lhes aconteceu. Este grupo é o início da Igreja, à qual nós pertencemos. Sentem, deste modo, a necessidade de transmitir a mensagem da Ressurreição.
Concluímos que o que provoca esta mudança neles é a presença de Cristo Ressuscitado e que o reconhecimento do Ressuscitado se concretiza na fração do pão.
Tinham os olhos do corpo impedidos de O reconhecer. Só quando estes se fecharam e se abriram os do coração é que conseguiram ver com toda a clareza.
A razão procura, mas quem encontra é o coração.
Os dois discípulos de Emaús decidem abandonar a cidade de Jerusalém, desiludidos, frustrados. Pensavam que Jesus ia redimir Israel (atribuiam-Lhe poder temporal) e, afinal, tudo tinha acabado. Ele tinha morrido crucificado. Umas mulheres andaram a dizer que o viram ressuscitado, mas quem acredita nas mulheres?
"Nesse mesmo dia..." No próprio dia da Ressurreição...
Jerusalém (em Lucas) Cidade da Paz, da Glória, onde aconteceu a Ressurreição...
Emaús (para Lucas) cidade do vazio, do sem sentido, do desencanto. Ainda hoje não se sabe localizar...
Os dois discípulos iam a caminho... Continuar no caminho é importante!
Jesus vai ao seu encontro e põe-se a caminhar com eles, a andar para trás, como eles, mas não os abandona... A visão meramente exterior de Jesus leva-os à frustração.
Jesus explica-lhes a Palavra... começando por Moisés e pelos Profetas, explica-lhes as Escrituras...
Jesus parte o pão... Jesus fica com eles ... recita a bênção, parte o pão e entrega-lho.... neste momento abrem-se-lhes os olhos do coração e reconhecem-No. Então, Jesus desaparece...
Os discípulos voltam para Jerusalém...  Jerusalém simboliza o sentido da plenitude. Partem imediatamente... Só o encontro com Jesus vivo é capaz de mudar o sentido da nossa existência.
APLICAÇÃO À NOSSA VIDA:
A narração dos discípulos de Emaús é um fiel reflexo da celebração da Eucaristia.
Comparemos as partes em que se divide a nossa Eucaristia com as secções que integram a narração:
Ato Penitencial-caminho errado-observamos que, muitas vezes, mudamos de direção no caminho e que deixamos Jerusalém a caminho de Emaús. Mesmo no caminho errado, Jesus vai ao nosso lado, não nos abandona...
Leitura da Palavra de Deus-proclamação do Palavra. Voz de Deus que tem algo para nos transmitir para a nossa vida...
Liturgia Eucarística-já voltados para o Senhor, participamos na fração do pão. Compreendemos o que estamos a fazer? É preciso ter fome para se poder saborear...
Bênção final e despedida-somos convidados a ir anunciar o que recebemos. A participação na Eucaristia motiva todo o cristão a converter-se em missionário, Missionário da Ressurreição de Jesus. Por isso o nosso Fundador fez uma regra que diz: "ouçam a santa missa e comunguem todos os dias com a maior devoção e fervor". Sempre nos quis com espírito de missão.

Antes deste texto, ainda meditamos outro: "as mulheres vão ao sepulcro" e refletimos a 2ª catequese do Papa Francisco, que, como acontece no texto anterior, evendencia algumas das qualidades e capacidades das mulheres. Ainda bem que se vai fazendo justiça, pois dar a cada um o que merece não é tão fácil como parece!
Seguiu-se o já habitual almoço, que era mesmo de Páscoa. Na opinião do orientador da atividade, o Pe Helder Lopes, este é um momento importante do dia, já que refletir com profundidade gasta muitas energias que é necessário repor, para se manter o equilíbrio.
Também é o tempo de rever e conversar com as pessoas que não temos oportunidade de encontrar todos os dias.
Após o almoço e um intervalo, fizemos meia hora de adoração, em silêncio, com bênção do Santíssimo, à qual se seguiu a celebração da Eucaristia, que não foi de "corpo presente", porque tínhamos sido alertadas para o perigo de deixarmos passar momentos tão importantes, sem os vivermos conscientemente.
Vamos continuar a estar alerta. Sabemos que não é com os olhos do corpo que devemos ver, mas com os do coração! "O essencial é invisível aos olhos. Só se vê bem com o coração", Saint Exupéry.

OS DISCÍPULOS DE EMAÚS!


(Letra e Música: Pe. Zezinho – Animação da Fé)
Dois homens sem esperança, peregrinos de Emaús,
Vencidos pela lembrança da derrota numa cruz.
Não tinham mais fé no bem, vencidos como ninguém,
Deixaram Jerusalém, a caminho de Emaús.

Refrão:
Hoje eu vou caminhando
E se cansar meu coração
De esperar, ressurreição
Vem Senhor em meu caminho.
Já é tarde, vem comigo
Eu sei que continuas meu amigo
E vem abrir meus olhos ao partir do pão.

Quando a lembrança do mundo, sem fé, sem amor, sem luz,
Trouxer abalos profundos, eu quero entender a cruz.
Eu quero entender a dor, saber que se vou morrer
Eu morro para viver caminhando com Jesus.

Refrão
E hoje no meu sorriso quando canto esta canção
Eu entendo que é preciso sofrer do Cristo a paixão.
Eu tenho esperança no bem e vejo a ressurreição
Cada vez que o irmão vem comigo partir o pão.

Refrão



quinta-feira, 4 de abril de 2013

IMPRESSÕES SOBRE A KILENDA!

Mensagem chegada da Gabela!
Gostei muito da sua mensagem. Obrigada.
Só hoje a pude abrir.
Mando-lhe um texto da D. Isabel, sobre as impressões da Kilenda, e não só. Acho que está muito completo embora ela diga que é apenas um rascunho.
É muito empenhada em tudo quanto faz.
A Céu vai arranjar a dupla nacionalidade. O Pe Farias já conseguiu que lhe enviassem uma certidão, do Lubango. Ela, embora tenha muitas saudades, parece estar feliz.
Um abraço muito grande de todas nós.

Kilenda fica na província do Quanza Sul, que tem por capital o Sumbe, antiga Novo Redondo (Ainda hoje no Mercado Municipal se pode ler CMNR). Encontra-se a quase 1200 de altitude. Por esse motivo, não é muito quente. Os montes que a rodeiam, neste momento, estão verdejantes. Dista uns 30 Km da Gabela. Até esta cidade, a estrada é razoável. Hoje demora-se mais de uma hora a percorrer essa distância. Dizem que já foi pior. Melhorou, quando fizeram uma terraplanagem. No entanto, com as chuvas foi-se degradando e agora alguns dizem, com ironia, que é uma “pedraplanagem”. A administradora do município (o equivalente a presidente da Câmara) é uma pessoa muito dinâmica e com visão, que tem feito muito pela terra. Como vai ficar mais uns anos, espera-se que muita coisa melhore. Aliás, o governo está mais exigente e contemplou no seu orçamento verbas para o desenvolvimento e combate à pobreza
Insere-se numa zona das mais atingidas pela guerra, que deixou as suas marcas. A Igreja ficou sem telhado e com os vitrais destruídos. Até S. José foi atingido num joelho. Já foi colocado o telhado, mas continuam por substituir os vitrais. Os pássaros entram e saem, acabando por sujar tudo, incluindo as toalhas do altar.
No centro da povoação, há poucas casas, algumas das quais do tempo colonial, mas nos arredores há vários bairros de cubatas, com um aspeto interessante e muito bem enquadrados no ambiente. As cubatas não são grandes, pois com um clima destes as pessoas só as necessitam para dormir. Algumas são cobertas de colmo(?), outras, com chapa.
Existe uma escola Secundária e escolas do Ensino Primário que são frequentadas por alunos de todas as idades. O uso da bata branca é obrigatório. Até à 6ª classe os livros são de distribuição gratuita. As classes são muito numerosas, embora haja tendência para a diminuição dos alunos por turma. Da 7ª à 12ª classes, poucos alunos têm livro. Ditam-se apontamentos e distribuem-se algumas fotocópias. Embora haja o livro único, não é fácil, pelo menos aqui, encontrá-los. As aulas começaram a 5 de fevereiro, mas, ou por um motivo ou por outro, algumas turmas poucas aulas tiveram ainda, até hoje. São os alunos que limpam as salas de aulas e também assumem os espaços exteriores, capinando (cortando o capim) e cuidando da limpeza.
Eu ocupo-me a apoiar o estudo, sobretudo das meninas que estão cá em casa. Alguns chegam à 4ª classe sem saber ler.
Está em curso o PAAE (Plano de Alfabetização e Aceleração Escolar), no qual estão a investir bastante. Na segunda-feira, espero começar um curso com 22 senhoras, que pretendem aprender a ler.
Existe um hospital, muito perto da nossa casa. Nele trabalham uma médica e um médico russos. Os enfermeiros são angolanos. Um médico cubano tem a cargo a prevenção da malária. O hospital é relativamente novo. Os doentes levam a roupa de que precisam, incluindo a roupa de cama. Embora tenham direito à alimentação, podem levar-lhes comida de casa. Muita gente adoece com paludismo.
Também existe um notário e uma esquadra da polícia.
No centro, em frente à Igreja, há um espaço público com um bar, um parque infantil e um ecrã gigante onde podem ser vistos os desafios de futebol. Perto estão os serviços da administração municipal e, ao lado destes, o palácio, residência da administradora. Não longe dessa zona, estacionam os minibus que vão para a Gabela. Logo a seguir, temos o mercado, que é ao ar livre. Embora existam algumas barracas toscas, com estacas de madeira e cobertura de colmo, muitos expõem os seus produtos no chão sobre panos. Todos, pequenos e grandes, vendem (zomgam), de tudo. As crianças juntam pedrinhas que vendem ao balde. Quem não colhe, por vezes, vai longe comprar a mercadoria. Outros negoceiam com o que encontram, ou roubam. Contam que uma vez o Sr. Padre perdeu no caminho um pneu. No regresso, acabou por ter de o comprar.
Há alguns bares espalhados por Kilenda, uma moagem da paróquia, algumas lojas, um minimercado explorado por um marroquino, uma loja que vende motas, cartões para telemóveis, etc, de um vietnamita.
As pessoas deslocam-se a pé, de mota (o sonho dos jovens), de minibus, de Hiace branca e azul (dos candongueiros). Noutras cidades, há carros mais pequenos, oficiais ou não, que efetuam transportes. Não há horário para a partida. O minibus sai quando encher, às vezes, até abarrotar. Claro, existem bons carros privados, Land-rovers, como convém para estes terrenos. As motas também fazem serviço de táxi. O uso do capacete só é obrigatório para o condutor, mas é pouco respeitado. Às vezes, arrepia ver o pai, um filho pequeno e a mãe com um bebé às costas, completamente desprotegidos.
As mulheres usam muito uns panos que são “multifuncionais”. Colocam-nos com arte por cima das saiais ou calças, pelos ombros, na cabeça, servem para cocar (transportar os filhos às costas), usam-nos como molidas para levar coisas à cabeça, estendem-nos para se sentarem ou para se deitarem em qualquer parte.
As pessoas são muito educadas e afáveis. Tratam-se por manos, se da mesma idade; mãe/mamã, pai/papá, se mais velhos. Os mais velhos tratam, com alguma frequência, os mais novos por filhos. É curioso que há pessoas que têm por diminutivo mãezinha, avozinha, paizinho e avozinho. Dizem a tudo que sim, mas pouco e poucos cumprem. Cumprimentam-se geralmente com um aperto de mão. Cultivam a solidariedade. Se alguém morre, nos chamados óbitos, os familiares são acompanhados durante uma semana pelos amigos e familiares que, para os distrair, dançam ao som de música. Com os géneros que todos levam, cozinham bons pratos com que se banqueteiam. Não enterram os mortos no cemitério, mas nas suas próprias lavras. O luto guarda-se de branco ou de preto e é com um ritual próprio, que no tempo estipulado se levanta. Há um cemitério em Kilenda com um jazigo de uma família portuguesa “Rebelo”.
Comem quase sempre fungi que é uma papa consistente, à base de mandioca ou de milho. É acompanhado com carne, peixe seco, conservas e com ervas. Aproveitam a rama da batata doce, do feijão pequeno e da abóbora. Consideram alguns insetos (salalé) um petisco, comendo-os até crus.
São as mulheres que trabalham nas lavras. Aqui colhem sobretudo milho e feijão. Produzem bananas, abacaxi, abacate, mangas (pequenas e sem grande aspeto, mas muito saborosas), maracujá (cuja flor é lindíssima) e mamão. A banana-pão que é uma delícia, assada ou cozida, nem aparece no mercado, sai em camiões para Luanda. Aqui, no tempo colonial, havia fazendas de café. Este café tem um baixo teor de cafeína. Para chegar à mesa, é necessário muito trabalho. Há ainda quem o cultive.
Temos luz, com algumas falhas e deficiências, produzida por um gerador do município, durante 6 horas por dia, das 18 h às 24h. Para se poderem manter os alimentos no frio, as irmãs têm que utilizar o seu próprio gerador, durante mais três horas por dia. Quando falha, vamo-nos deitar mais cedo.
A água ou vem da montanha , ou do rio Mugige, ou das chuvas. A da Montanha, que é potável, foi aproveitada por alguns particulares, pela administração, que a encaminhou para alguns serviços, nomeadamente, para o hospital. Os populare, em horas estipuladas, podem ir lá a buscá-la. Por vezes, não tem caudal suficiente para as necessidades. Do Mugige é transportada em carros-tanque e distribuída pela população. A casa onde estou tem um tanque que pode armazenar uns 50 000 l. Espera-se que, em breve, façam ramais até às casas. Os chafarizes foram vandalizados.
A feitiçaria está muito presente nesta cultura. Com o medo da precária condição humana, muita gente se governa, por estas paragens.
A bigamia e a poligamia são aceites. Parece que, em tempos, só o Soba era polígamo, porque precisava de mulheres que o sustentassem, já que as suas tarefas não eram remuneradas.
Há bastantes cristãos, metodistas e da Assembleia de Deus (Pentecostal), mas há poucos católicos. No entanto, os que vão à Igreja são muito comprometidos. Aos domingos, levam os melhores fatos e panos e têm uma atitude de muito respeito. Parece terem muita fé. Existem na Igreja vários movimentos e com movimento.
Durante a semana, o nosso dia começa pouco depois das cinco da manhã. Vamos à Missa às 6 h. Aos domingos, a missa é às 7h. Entramos quase de noite para a Igreja, mas quando saímos já está um sol radioso.
À tarde, o crepúsculo é muito curto. O céu e a natureza, a esta hora, são de uma rara beleza.
Tivemos um mês com fortes trovadas, algumas iminentes, e com muita chuva. Uma bênção, pela escassez de água, mas as lamas são um perigo, escorrega-se muito e os mosquitos proliferam.
Para ir ou vir de Luanda é complicado, se não se tiver carro. Andar em Luanda também não é fácil, o trânsito é o “salve-se quem puder “, e há muitos roubos.