quinta-feira, 2 de setembro de 2010

HOMILIA DO SENHOR D. MANUEL FELÍCIO!

Para quem não tiver oportunidade de ler a imprensa local, fica a homilia do Sr Bispo, um ponto forte de reflexão!

Festa da Liga dos Servos de Jesus

Ruvina, 28 de Agosto de 2010


1. Estamos a viver o ponto alto da Festa da Liga dos Servos de Jesus, com a celebração da eucaristia. A presença real do Senhor Jesus Cristo no mistério eucarístico está, assim, no centro da nossa Festa e, por isso, a procissão e a adoração solene preencheram já o dia e a noite de ontem, prolongando-se até à madrugada. Por sua vez, esta tarde, o momento cultural e o encontro com a vida real da Instituição vão permitir-nos relançar o nosso entusiasmo na vivência do carisma da Liga.
A presença do Fundador, Senhor D. João de Oliveira Matos, que precisamente há quarenta e oito anos – cumprem-se amanhã – partiu para o Pai, é também realidade palpável que queremos aproveitar da melhor maneira, para mergulhar no coração do nosso carisma e ver como ele pode ser um bem para toda a Igreja e para a renovação da própria vida em sociedade. É para o nosso carisma que hoje, na Festa da Liga, queremos olhar e nele concentrar toda a nossa atenção para ver como precisamos de o viver, hoje, de forma adaptada às novas circunstâncias.
De forma diferente do que se passou com outros fundadores, que desejaram com as suas instituições enfrentar problemas e promover valores individualizados na vida da Igreja ou da sociedade, o Senhor D. João de Oliveira Matos, como bispo que era, sentiu a urgência de procurar caminhos conducentes à renovação da vida da Igreja Diocesana, como tal. E a Liga dos Servos de Jesus foi esse caminho encontrado, porque inspirado do alto. A Liga nasceu para ser um serviço às comunidades cristãs, espalhadas pela Diocese, e à vida diocesana como tal, e ser um serviço de renovação da Fé. Por isso, dizem as Constituições, aprovadas há nove anos, que o carisma da Liga leva algumas pessoas a viver mais intensamente a caridade de Cristo, tornando-se fermento activo de renovação da fé (nº 6). A renovação da fé constitui, de facto, a grande preocupação da Igreja em Portugal, neste momento, como também da nossa Diocese. O nosso Programa Pastoral para os próximos anos é na renovação da fé pessoal e comunitária que ele se centra, a partir do encontro vivo e vital com a Palavra de Deus. A presença e participação do carisma da Liga dos Servos de Jesus, em todo o processo de renovação da fé nas comunidades é, no momento actual, o sinal mais claro da sua fidelidade às intuições originais do Fundador. É por isso que - e volto de novo às nossas Constituições – a missão da Liga se insere na missão da Igreja, procurando realizá-la nas suas vertentes evangelizadora, santificadora e de acção sócio-caritativa.
Sendo assim, para cumprirmos o carisma da Liga, na actualidade, as nossas preocupações têm que ser as preocupações da Igreja, porque a nossa missão é a própria missão da Igreja e o nosso empenhamento tem de estar vez mais voltado para a renovação da fé das nossas comunidades.
O nosso Fundador percebeu bem que, como todas as verdadeiras transformações das pessoas e da sociedade, também a renovação da fé tem de acontecer de dentro para fora. Por isso pensou a Liga como uma grande rede de servos de Jesus, verdadeiramente apaixonados por Cristo e pela Boa Nova do Evangelho. Sentiu, também, que só a parir dessa paixão por Cristo e pelo Evangelho se podem encontrar caminhos de renovação para as comunidades cristãs, e para a sociedade, como tal. Os servos de Jesus têm de ser o verdadeiro fermento no meio da massa, trabalhando para que a Igreja e a sociedade se renovem no espírito de Cristo e do Evangelho. É esse o sentido do lema da Liga inspirado pelo Fundador: “É preciso que Jesus reine”.
Mas o Senhor D. João também percebeu, desde a primeira hora, que esta rede de Servos de Jesus, espalhados no meio do mundo, para serem fermento de renovação evangélica da Igreja e da própria sociedade, precisava, também ela, de ser formada, motivada e continuamente alimentada. Por isso, a distinção entre servos externos e servos internos, que apareceu muito cedo, com a concordância e o apoio declarado do Fundador, tem de entender-se neste esforço de procurar as melhores condições para levar ao meio do mundo, onde estão as comunidades de fé, a verdadeira renovação evangélica.



2. O Fundador, Senhor D. João de Oliveira Matos, partiu para o Pai há 48 anos como já dissemos, no dia em que a Igreja celebrava e celebra o martírio de S. João Baptista. Não podemos deixar de ler, neste acontecimento, uma mensagem dirigida à Liga dos Servos de Jesus, na vivência do seu carisma e no cumprimento da sua missão que, como dissemos, é a missão da mesma Igreja. O Senhor convida-nos a entregar a nossa vida, de forma generosa e dedicada, e até ao martírio, se necessário for, para que Ele de facto reine; e reine no coração da Igreja, mas também, e sobretudo, no coração da história. A primeira leitura fala-nos hoje da experiência do profeta Jeremias, chamado por Deus a anunciar a novidade da sua mensagem a um mundo hostil, onde a oposição que lhe faziam era muito forte. E Jeremias teve de escolher entre a firmeza da fidelidade à ordem dada por Deus, ou a cedência às pretensões dos seus contemporâneos, nada interessados em seguir as orientações vindas do próprio Deus. A escolha de Jeremias foi clara em favor do Senhor do mundo e da história. Essa tem de ser também a nossa escolha. E, se a fizermos com determinação e coragem, sentiremos, como sentiu Jeremias, a alegria de ver cumprida nas nossas vidas a promessa de Deus: “Eles combaterão contra ti, mas não poderão vencer-te, porque eu estou contigo para te salvar”.
Esta foi também a escolha e João Baptista. Ele, como nos diz o Evangelho, colocou os interesses de Deus e o cumprimento da sua missão acima da defesa da própria vida, o que acabou por levá-lo ao martírio. Contra os interesses de Deus e o cumprimento da sua missão estava Herodíades, que não suportava as palavras de João Baptista e por isso queria dar-lhe a morte. Contra, estava também a pessoa de Herodes, que incarnava uma autoridade incapaz de se decidir corajosamente, em favor da verdade e da justiça. A sua fraqueza e incapacidade para decidir em favor da verdade deu como resultado a morte do inocente, só porque este não quis ceder a caprichos de quem se dispõe a silenciar a verdade, para defender interesses pessoais. São atitudes corajosas como esta que também a Liga dos Servos de Jesus, e cada um dos seus membros, têm de saber cultivar. Acima dos interesses de cada um e de cada uma das comunidades da Liga, têm de estar sempre os interesses de Deus e os interesses da Igreja e das comunidades cristãs locais. Este tem de ser para nós um princípio sagrado.
Para que isso aconteça, pede-se às comunidades da Liga feitas de servas internas, uma intensa vida de comunidade, onde se vive a experiência do amor fraterno, onde as capacidades de cada um são reconhecidas e colocadas ao serviço do Bem da Igreja e da própria sociedade; comunidades onde se reza, tendo presentes as verdadeiras preocupações da Igreja; comunidades onde a Palavra de Deus é escutada e vivida cada vez mais intensamente; comunidades onde existem programas de formação da fé, em sintonia com as preocupações da Diocese e, quanto possível, abertas aos servos externos e às comunidades cristãs locais; comunidades que sejam focos de irradiação de uma espiritualidade laical séria e consistente. Os retiros, atempadamente programados e anunciados e com convites directos feitos a pessoas concretas, para neles participarem, são um dos caminhos para alimentar a verdadeira espiritualidade cristã e dos caminhos que mais identificam a tradição da Liga.
Sabendo que a renovação da fé das comunidades cristãs foi e continua a ser o principal motivo da existência da Liga dos Servos de Jesus, é preciso que as mesmas comunidades cristãs sintam ao vivo a presença dos Servos de Jesus no meio delas. Atrevo-me a fazer este pedido: que ao domingo, em cada uma das comunidades paroquiais onde há presença de membros da Liga dos Servos de Jesus, por sua iniciativa seja celebrada uma das horas da Liturgia das Horas. Como sabemos, a Liturgia das Horas não foi criada na Igreja só para os sacerdotes e os membros das congregações religiosas, a que acrescentaram depois os institutos seculares e os leigos, com especial consagração, no meio do mundo. A Liturgia das Horas é património de todo o povo de Deus e a nós pertence-nos levar-lhe este presente divino e partilharmos com todo esse Povo de Deus a alegria de o saborear.
Juntamente com este apelo, peço a vossa oração mais intensa para que o Senhor do mundo e da Igreja nos ajude, na luz do seu Espírito, a discernir os verdadeiros caminhos, pelos quais, no momento actual, a Liga dos Servos de Jesus há-de cumprir o seu carisma e exercer a sua missão, com gestos proféticos de serviço à Igreja e à sociedade, capazes de suscitar novas vocações de total dedicação à causa do Reino – “É preciso que Ele reine”.



Ruvina, 28 de Agosto de 2010.
+ Manuel da Rocha Felício, Bispo da Guarda.






quarta-feira, 1 de setembro de 2010

PORMENOR DA ADORAÇÃO DA COMUNIDADE DA CERDEIRA!


Senhor, escuta a prece destes teus servos!...