terça-feira, 3 de junho de 2008

Onde andam as nossas missionárias?...



(Alguém espera por nós, com ansiedade…)


Longe vai o tempo em que nos pareceu que a hora da despedida se aproximava a passos largos e já no nosso coração sentíamos um misto de alegria e de tristeza. De alegria, porque estava a chegar o momento em que a Liga ia dar início àquela acção de rasgar horizontes, para além fronteiras; de tristeza, porque a hora da partida nunca é alegre. Se o é interiormente, fruto de uma paz ditada pela certeza de estar a fazer a vontade de Deus, raramente se evita que duas pérolas cristalinas rolem das janelas da alma de quem parte e de quem vê partir…
A memória das pessoas fica no coração de quem permanece e, neste caso concreto, assume-se, de parte a parte, o compromisso de uma união espiritual de esforços, comunhão de ideais e oração, e partilha de tudo o que é possível partilhar. Admiro a persistência das nossas missionárias e temo por elas, pois receio que deixem arrefecer o primitivo entusiasmo que as moveu a darem o seu sim.
Acreditem que, ainda que partam, continuam presentes. Na realidade, só o Mestre fez o milagre de ficar vivo, connosco, e, ao mesmo tempo, partir para junto do Pai. A nossa união, ao contrário, vai ser mais espiritual, mas vale pelo que vale. É Ele, vivo no meio de nós, que dá consistência e sentido a esta união. Com um alicerce assim, nada temeremos e não podemos temer mesmo, ou a nossa fé não é o que devia ser.
Já repararam na coincidência de termos como Presidente da Comissão Episcopal Missões, um bispo que já foi Superior Geral dos Missionários da Boa Nova, D. António José da Rocha Couto?
Este pormenor pareceu-me interessante, pois talvez venha infundir energia no nosso entusiasmo missionário, que pode, eventualmente, estar a esmorecer.
Desde que entrei na Liga, sempre ouvi falar destes Missionários. Havia, na altura, um que era chamado “Tio Missionário” e que a Ir Teresa de Jesus Pires, do Rochoso, mais conhecida por Ir Teresinha, nos ensinou a estimar muito e para o qual enviávamos as nossas pequeníssimas renúncias, os selos usados, e que tínhamos sempre presente nas nossas orações de crianças. Escrevíamos-lhe cartas, às quais recebíamos resposta num jornal, cujo nome não recordo, neste momento.
Também participávamos no “Sorteio Missionário”. Ainda hoje, no Rochoso, no Dia Mundial das Missões, se organiza uma quermesse, na qual participam as Irmãs da comunidade, todos os utentes, jovens e menos jovens, e funcionários. O objectivo é angariar fundos para as Missões. São quantias, aparentemente insignificantes, mas que o amor acaba por multiplicar…
Nem nessa altura, nem até há bem pouco tempo, nunca me ocorreu que a Liga pudesse sonhar em ir trabalhar com estes Missionários, em terras de missão.
Em parte, fruto do trabalho escondido e persistente da Ir Teresinha, que incutiu, em todas as que ajudou a educar, amor às Missões, que se concretiza mais em oração do que em bens materiais.
Tenho a certeza que, todas as que lerem este texto, estão de acordo comigo.
Aqui tem, Ir Teresinha, parte da sua coroa, construída a partir de alguns elementos da sua cruz.
Podem contar com ela as nossas missionárias! A idade não diminuiu, em nada, aquele seu zelo de jovem, que, bem cedo, se entregou inteiramente ao serviço do Senhor.


(Dia de S. Carlos Lwanga e companheiros, mártires do Uganda…)